
Fernanda de Almeida Pinheiro: “A minha avó Maria Eugénia nem apelidos tinha. As mulheres não tinham um para além do nome próprio. Era sempre Maria. Todas as mulheres da minha família têm o nome de Maria, mas não um apelido”
Nasceu em Caldas da Rainha em outubro de 1969. A mãe esperava que a segunda filha fosse uma menina prendada, mas ela aprendeu a bordar a contragosto. Não gostava de brincar com bonecas e não hesitava em dar opiniões. "Já contestava aquela injustiça de só as meninas terem tarefas domésticas. Venho de uma linha de mulheres poderosas que, não tendo sido empoderadas, tornaram-se a si próprias poderosas. A minha avó foi uma delas", conta. Era boa aluna, mas quando chegou a altura de ir para a faculdade, os planos foram adiados porque não havia como pagar um curso superior. Foi como trabalhadora estudante que se matriculou seis anos depois em Direito, na Universidade Autónoma, por sugestão da irmã mais nova. Até conseguir ser advogada em nome individual, trabalhou em empresas como secretária de Administração, Técnica de Recursos Humanos e contencioso. Foi com este percurso pouco comum que chegou a bastonária da Ordem dos Advogados: "a advocacia permite-nos mudar o mundo, nem que seja pessoa a pessoa". "Durante muitos anos fui absolutamente contra as cotas porque achava um despautério. Como se a sociedade fosse baseada no mérito. Deveria ser, mas é completa treta. E vendem-nos isto como se fosse verdade" desabafa Fernanda de Almeida Pinheiro no último episódio da temporada de Geração 60, de Conceição Lino.
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