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As feridas abertas da descolonização, 50 anos depois

02/07/2025
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Primeiro a Guiné, depois Moçambique e, num ápice, todas as colónias conservadas e defendidas por Portugal ao longo de séculos seguiram o seu caminho como países independentes. A comemoração que se faz desse meio século de descolonização pode estar naturalmente esvaziada pelo tempo. Mas continua a suscitar dores, incompreensões, por vezes protesto e na maioria dos casos forte apego. Em Angola e em Cabo Verde, mostra um estudo da Universidade Católica para a RTP que pode ser lido na nossa edição online, uma grande maioria da população (76% no primeiro caso, 88% para Cabo Verde) vê esse momento como bom ou muito bom. Já os portugueses, apenas 36% dizem que a descolonização foi boa ou muito boa; 32% considera que não foi “boa nem má”, enquanto 26% considera que foi “má”.

Quando se fala de descolonização, mencionam-se muitas coisas: a pressa, a precipitação, a necessidade, quando não a traição ou a irresponsabilidade. Fala-se também com frequência das consequências – com excepção de Cabo Verde, os novos países caíram nas teias de regimes de partido único onde a corrupção prosperou e onde uma percentagem muito alta da população vive na pobreza extrema. Mas diz-se e sublinham-se também outros factores indispensáveis para explicar o que aconteceu há 50 anos. A descolonização era consensual entre os partidos democráticos do 25 de Abril. O país estava exausto com uma guerra de 13 anos e não tinha condições para impor as suas regras pela força. E era fundamental concentrar os esforços na construção da democracia que no Verão quente de 1975 estava longe de estar consolidada.

Por ter significado o fim de um império colonial que durou 500 anos, por ter acontecido em pouco tempo após anos de guerra em África, por ter destruído os sonhos de cerca de meio milhão de portugueses forçados a regressar à pressa, ou por nos continuar a lembrar um passado marcado pela ditadura e pelo racismo, a descolonização é ainda uma ferida aberta. Bom pretexto para uma conversa com Pedro Aires de Oliveira, um dos historiadores que mais e mais a fundo estudou a descolonização. Professor Associado no Departamento de História da NOVA FCSH e investigador integrado do Instituto de História Contemporânea, Pedro Aires de Oliveira tem ampla obra publicada nas áreas do colonialismo e da memória

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