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O regresso às aulas: um novo ano com velhos problemas por resolver

15/09/2025
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Estava escrito nas estrelas: a abertura do novo ano lectivo, que hoje acontece em boa parte das escolas do país, teria de ser marcada pela discussão sobre a falta de professores. Na declaração que acabámos de ouvir ao ministro Fernando Alexandre, numa entrevista à Antena 1 com a jornalista Natália Carvalho, comprovam-se duas coisas: que haverá pelo menos uns mil horários completos por preencher; mas, diz o ministro, há uma reserva de 20 mil docentes sem colocação a Norte do Douro que podem mitigar ou resolver o problema. Desde que aceitem deslocar-se para longe das suas residências e trabalhar com horários incompletos.

A falta de professores, antiga, estrutural e que vai demorar anos a solucionar, é talvez o lado mais visível de uma série de desafios que colocam a vitalidade da escola pública em questão. O sistema, nas mãos uma classe profissional envelhecida, em muitos casos descrente e desiludida com as condições de trabalho que enfrenta, continua a sofrer o abalo das greves, o desgaste da burocracia ou a pressão de alunos filhos de imigrantes que lhe exige esforço redobrado. Parte das reivindicações salariais foram atendidas, os concursos de colocação não causam a mesma perturbação e ruído, mas casos de indisciplina de alunos ou de ameaças de pais aos docentes contribuem para que a percepção sobre o estado da escola se agrave.

Nas últimas décadas, a escola foi um dos maiores trunfos para a transformação e modernização de Portugal. Mas há muito por fazer. As heranças do passado não foram totalmente ultrapassadas – ainda estes dias um relatório da OCDE dava conta que 38% da população com mais de 24 anos não passou para lá do 9º ano, um indicador muito abaixo dos padrões europeus. A discussão entre os que defendem uma escola baseada nas aprendizagens puras e duras e os que apostam no desenvolvimento integral continua, e ainda bem. No meio de tudo isto, há centenas de milhares de jovens e pais que torcem os dedos para que a escola funcione sem turbulência. Estarão este ano reunidas as condições para esse objectivo?

Neste P24 ouvimos a jornalista do PÚBLICO Cristiana Faria Moreira.

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