Literatura Oral podcast

#74 O CRIME DO PADRE AMARO, EÇA DE QUEIROZ - PARTE 5

15/01/2022
0:00
1:03:52
Recuar 15 segundos
Avançar 15 segundos

No último episódio, vimos que Amaro flagrou Joaneira e o cônego Dias no quarto e que Amaro deu um beijo em Amélia. Quando isso aconteceu, ele tinha acabado de sair de um almoço de aniversário, em que um padre chamado Natário falava que padres não tem o poder da absolvição, que isso só cabe a Deus. Ele lembra os colegas que são humanos, às vezes estão ouvindo as confissões empanturrados de tanto comer, às vezes com dor de barriga. Isso tudo vai fazendo com que Amaro ande mais pro lado de fazer o que lhe dita o instinto mesmo, e menos pro lado de ser um padre muito convicto. Todas as ações dos padres daquela comunidade são no sentido contrário do que deveriam agir. Falam mal dos pobres, admitem casos com mulheres, comem e bebem demais, usam a confissão pra manipular as mulheres e tomam partido na política, chegando a mentir que têm cartas assinadas por Maria, mandando que votem em determinado candidato.

Com isso, colocando esse discurso mundano na voz de uma personagem que é padre, o padre Natário, Eça de Queiroz está colocando as duas mãos nos ombros do leitor, sacudindo o leitor e falando “pensa, criatura!”. Pensa se é certo que a religião, que os padres controlem tanto assim a tua vida. Pensa se precisa demasiadamente da confissão, escutada afinal de contas por pecadores como tu! Sejam críticos, leitores! Não sejam adulões desse ou daquele, não chamem político de mito, por exemplo!

Mais episódios de "Literatura Oral"