
“Angústia” (1886), de Anton Pavlovitch Tchekhov (1860-1904) é uma história que privilegia a interação social para a experiência humana infalível a todos: o luto. O conto, que começa no crepúsculo, vai nos envolvendo na atmosfera de escurecimento que acometeu o personagem, o cocheiro Yona Potapov, há quase uma semana, desde o falecimento de seu filho. Fisicamente, ele e sua égua estão “enterrados” em vida, pela neve incessante que cai sobre suas cabeças e ombros. A narrativa nos conta algumas horas na vida do cocheiro, pelas ruas de Petersburgo com sua égua, única real companheira. Inclusive, o narrador promove certa humanização no animal, quando afirma que a égua estava mergulhada em pensamento. Sua angústia da perda só é ligeiramente aplacada quando leva algum passageiro. Tudo o que Yona mais quer é uma pessoa que possa escutá-lo. Mas diante da multidão, não encontra ninguém solícito a isso. Ao contrário, a postura dos passageiros, mesmo quando ele revela que está de luto pelo filho, é extremamente dura e insolente, chegando a animosidade até mesmo no maltrato físico, quando o grupo de jovens que ele transporta ameaçam lhe dar um “pescoção”. Estranhamento, mesmo xingado, ele sai momentaneamente da solidão: “Que senhores animados!” Em pleno século XIX, a pauta mais presente no conto de Tchekhov é a de que ninguém está interessado no outro. O que ele narraria hoje? Boa leitura!
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