
O quarteirão entre as traseiras do Rossio, a Praça da Figueira e o Martim Moniz atravessou oito séculos de história, desde a fundação do convento dos dominicanos, em meados do século XIII. Por aqui passaram muitos dos acontecimentos que moldaram a história da capital, como a assembleia que tentou convencer o mestre de Avis a tomar a defesa de Lisboa contra o cerco castelhano, em plena crise de 1383-85. Na Páscoa de 1506, aqui teve início o massacre de judeus e cristãos-novos que levaria à chacina de 2 mil pessoas por toda a cidade.
Era daqui saíam os condenados à fogueira pela inquisição, para os temíveis autos de fé no Rossio ou no Terreiro do Paço. Casaram-se e batizaram-se reis, inclusive aquele que viria a ser vítima de regicídio, D. Carlos I, o princípio do fim da monarquia. Já bem dentro do século XX, o local tornou-se conhecido por alojar os célebres armazéns do Braz & Braz, a loja de artigos para o lar, em plena Baixa Pombalina.
No meio de tanta agitação, são domingos guardava, porém, um segredo, revelado durante a pandemia de Covid-19. Nas obras destinadas a transformar o convento em mais um hotel, os arqueólogos depararam-se com um número avassalador de restos humanos no subsolo do antigo claustro. No final da escavação, foram desenterrados quase 3 mil esqueletos, a esmagadora maioria dos quais bebés prematuros ou crianças com menos de 3 anos de idade.
Neste episódio de ‘Histórias de Lisboa’, o jornalista Miguel Franco de Andrade conversa com a arqueóloga e bioantropóloga Lucy Shaw Evangelista sobre o mistério dos mortos do convento de São Domingos.
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