André Ventura recebeu os resultados eleitorais das legislativas de 2022 com euforia, dizendo na própria noite que o Chega era a terceira força política e que tinha vindo para ficar. Tinha razão. Dois anos depois, o Chega transformou o mapa político português. Vítor Matos, jornalista do Expresso, editou recentemente um livro, “Na Cabeça de Ventura”, e Miguel Carvalho, jornalista freelancer que tem estudado exaustivamente o Chega são os convidados desta edição do podcast Perguntar Não Ofende. No último mês, os que se habituaram a pensar que a extrema-direita nunca teria sucesso no último país a descolonizar e com índices altíssimos de rejeição da classe política, correram a apresentar, com a mesma simplicidade do passado, o cardápio de medidas e soluções para esvaziar a extrema-direita. Como alguns inquéritos sociais já mostravam há vários anos, os portugueses estavam mais do que prontos para aderir a um discurso de rejeição da diferença, seja ela a imigração, dos ciganos ou da classe política. Ventura foi o primeiro a saber interpretar essa disposição e a saber mobilizá-la a seu favor.
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